UMA NOVELA DE JOYCE PEEPERS
CAPÍTULO 1
CNTV APRESENTA:
Capítulo
1 – O que não mata te assusta ainda mais
Em seu quarto Anne senta em sua cama e olha para a imagem de seu pai em
um quadro no criado mudo. Ela sorri ao lembrar-se de como tudo era antes do
acidente fatal.
- Sinto sua falta, todo dia toda hora... A cada minuto - disse abraçando
o quadro em prantos.
- Anne por acaso você viu meu batom rose? - perguntou apressada entrando
no quarto - Amiga, já se passaram dois meses desde que tudo aconteceu... Você
tem que se recuperar! Vamos sair, vamos viajar, viver!
Daniele é a melhor amiga de Anne, cresceram juntas. Era o tipo de
amizade em que tudo era feito junto, se uma estava bem à outra também. Um laço
inabalável entre duas pessoas opostas.
- Estou tentando seguir em frente! - comentou deixando o quadro na
cabeceira da cama.
- Ah, não está parecendo isso não! - brincou retirando a amiga da cama -
Vamos sair pra curtir a noite?
- Não, nem se eu quisesse! Estou estudando um caso...
- Amanha te ajudo! - disse empurrando a amiga para o guarda roupa - Esse
não, esse é horrível, nossa, esse aqui é do tempo em que minha avó era virgem!
- brincou olhando as roupas de Anne dentro do guarda roupa.
- Você é terrível! - exclamou Anne sorrindo, ela abraça a amiga -
Obrigado, por tudo! Por me acolher no seu apartamento e por ser uma boa amiga.
- Quando mais precisei você me amparou, só estou retribuindo!Mas estou
pensando em cobrar juros - disse separando um look para a amiga - Tem tesoura?
- Nem pensar! - exclamou entendendo a ideia da amiga - Não vai cortar
minha saia fit & flare...
- Tudo aqui é comprido demais, cafona demais e velho demais!
- Deixa que eu me arrumo sozinha, tchauzinho - falava levando sua amiga
para a porta.
Daniele para na porta com as mãos na cintura.
- Só te lembrando de que estamos indo para a balada e não para a missa
do papa. Então tente ser um pouco Rebelde!
Anne fecha a porta, olha a roupa esticada em sua cama. Sua carreira como
advogada exigia uma postura social, seu estilo de vida não se encaixava nas
festas de Daniele que era uma socialite exemplar. Seu celular toca, ela olha o
visor desanimada ao ver o nome de Eduardo seu ex-noivo.
- Oi!
- Oi... Aconteceu alguma coisa Eduardo? - pergunta sem animação na voz.
- Não, só liguei pra ver como esta se sentindo! Pareceu deprimida no
escritório está tarde, está tudo bem?
Ela caminha para a janela, abre as cortinas e encara a rua vazia.
- Sim, estou bem! Obrigado pela preocupação...
Anne para a conversa no meio ao focar seus olhos num estranho de capuz e
sobretudo negro do lado de fora do apartamento do outro lado da rua. O homem
olha para sua janela. Anne não consegue ver o rosto, um frio percorre sua
espinha.
- Está tudo bem mesmo? O que aconteceu? Anne está me ouvindo - Questiona
Eduardo aflito.
- Sim, não... Não sei, tem um homem do lado de fora encarando minha
janela, ele está de capuz não consigo ver seu rosto, mas posso ter certeza de
que está olhando diretamente pra mim!
- Estou indo aí, tranquei as portas e abra somente pra mim! - exige
preocupado.
Na fração de segundos em que ela olha para o celular e retorna a olhar
para o ponto onde o desconhecido estava vê somente uma fumaça escura entrando
pelo bueiro. Daniele bate na porta perguntando se a amiga estava pronta para a
balada.
- Eu não vou! - anuncia Anne para a decepção de sua amiga - O Eduardo
está vindo pra cá...
- Vocês vão reatar o noivado? - pergunta não negando sua tristeza.
- Não, ele só vai dar uma passadinha aqui para ver se está tudo bem!
- Nesse caso também vou ficar em casa - diz sentado nos pés da cama de
Anne.
- Não quero estragar sua noite amiga, pode ir se divertir!
- Não teria graça sem você mesmo - comenta sorrindo - Quer chá?
- Uhum! - diz seguindo a amiga para a cozinha.
Enquanto isso...
No carro Eduardo dirige com cuidado, a tempestade atrapalha a
visibilidade. Ele fura o sinal vermelho. Um caminhoneiro buzina furioso tendo
que frear bruscamente para não atingir seu carro.
- Deus essa foi por pouco! - choraminga Eduardo assustado.
Um homem de capuz olha tudo do outro lado da rua. Com a adrenalina em
suas veias Eduardo para no acostamento. Depois de alguns minutos segue seu
percurso ele estaciona em frente ao apartamento de Daniele. Ao descer do carro
tem a sensação de ser observado. Eduardo olha para os quatro cantos da rua
deserta naquela noite chuvosa, corre para o apartamento com intuito de fugir da
chuva.
- Por acaso você viu algo estranho ou alguem rondando o apartamento? -
pergunta retirando seu blazer molhado no hall.
- Não senhor!- diz secamente um homem na recepção.
Eduardo olha o homem sair do prédio, debaixo de chuva ele atravessa a
rua sumindo na escuridão.
- Olá Eduardo! Nossa, quanto tempo sem nos ver - disse Daniele ao abrir
a porta.
- Pois é... Mas cadê a Anne?
- Estou aqui na sala - grita acenando para o ex-noivo que sorri
docemente.
- Seu porteiro é muito estranho! Vocês deveriam exigir alguem
qualificado para cuidar da recepção.
- Não temos porteiro faz dois meses! - exclamou Daniele entregando uma
xícara de chá para Eduardo - O senhor Geraldo faleceu e o síndico não colocou
ninguém no lugar desde então.
Eduardo e Anne se entreolham.
- Como ele estava vestido? - pergunta Anne curiosa - Viu o rosto dele?
- Estava com um casaco longo preto... Não olhei no rosto dele, me secava
com uma toalha que está na recepção. Acha que pode ser o mesmo cara?
- Não sei! - diz ao se levantar e olhar pela janela a rua completamente
vazia.
- Helooo! Que cara? Do que vocês estão falando? - interroga os dois na
sala.
- Calma Dani, é apenas uma pessoa que vi olhando para o apartamento de
forma suspeita! Está tudo bem - tenta acalmar a amiga, Anne segura nas mãos de
Daniele.
- Querem que eu passe a noite aqui?
- Não!
- Sim!- exclamou Daniele.
Anne olha de forma interrogativa para a amiga.
- É mais seguro ter um homem por perto! - tentou explicar - Fiquei com
medo, existem tantos assassinos e estupradores a solta!
A noite parecia não ter fim, Anne deixa Eduardo e Daniele na sala. Em
seu quarto caminha para a janela e puxa as cortinas. Relâmpagos clareiam o
ambiente, pensativa deita-se em sua cama. Ela fecha os olhos e uma dormência
atinge todo seu lado esquerdo, a sensação de ter alguem em seu quarto lhe
olhando é fortemente sentida. Anne tenta abrir os olhos, mas uma força estranha
impede que isso aconteça. Ela sente o colchão cedendo a um corpo, como se
alguem estivesse deitando a seu lado, Anne sente vontade de gritar, porém seu
corpo não reage a seus comandos tão naturais.
- Xsiiiii - exige alguem que ela fique quieta.
Seu coração bate tão forte e tão rápido que lhe assusta. Anne sente uma
mão repousar sobre seu peito, seu coração se aquece e mais uma vez a dormência
lhe atinge exatamente onde sentia aquele toque. Ela consegue abrir os olhos e o
que vê não lhe agrada em nada.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário